segunda-feira, 21 de abril de 2014

Justiça para quem?

Não vou me deter, não agora, na história horrenda da morte do menino Bernardo. O que me chocou muito nesse circo de horrores foi o fato de a Justiça Brasileira só atender aos interesses daqueles que nela trabalham. 
Ou daqueles que desrespeitam os direitos alheios.
Gostaria muito de saber qual a justificativa dos representantes do Ministério Público perante a omissão com o bem estar e sobrevivência do falecido.
Havia muitos antecedentes que já seriam suficientes para comprovar que essa criança precisaria de ajuda. Era óbvio que ele morava numa casa mas não tinha um lar. Vivia com o pai, mas estava longe de ter uma família, biológica pelo menos.
E ainda assim era descrito como uma criança amorosa, mas que demonstrou sua carência incontáveis vezes. E , mesmo procurando o Ministério Público - o que não é uma atitude comum para uma criança - recebeu a negligência como resposta.
Tenho certeza que se esse menino de 11 anos tivesse atirado em alguém, o MP faria o possível para que ele fosse assistido. 
Se bem que... a julgar pelas pessoas que o cercavam - que deveriam prezar pela saúde mental e física alheia - pode ser que as excelentíssimas autoridades que lá trabalham concluíram que o dinheiro é a cura para todos os males.
Deus queira que eles nunca venham a faltar para seus filhos, especialmente os menores. Tomara que eles tenham parado pra pensar, ao menos por uma noite em claro, como seria se os filhos deles fossem ignorados dessa forma.


quarta-feira, 9 de abril de 2014

“Eu não mereço...”



Toda essa discussão sobre não merecer ser estuprada me fez lembrar que muitos homens são estúpidos de origem, não importa a condição.
Há 20 anos atrás, eu usava aquele uniforme de normalista. Minha saia nem era curta. E mesmo que fosse, não teria a plaquinha de “goze aqui”. De qualquer forma, o que importa dizer é que não fazia a menor diferença para os doentes quem usava aquele uniforme.
Bastava entrar com aquela roupa em um coletivo, e via-se um grupo de homens olhando como uma alcatéia ao visualizar uma boa presa. Aquele olhar faminto de homens de todas as idades, tipos físicos, profissões dava medo. Muitas vezes, nojo.
Ouvi , em quatro anos estudando no Carmela Dutra, incontáveis relatos de colegas que deram agulhada em homens, pisaram no pé, empurraram, enfim...fizeram o diabo pra se livrar desses imundos. Não esqueço do dia em que presenciei uma colega de classe entrar na escola aos prantos, desesperada, por conta de um demente que gozou na perna dela.
Eu achei que esse tempo tinha passado. Mas eis que em pleno 2014, quando a mulher tem muito mais liberdade pra fazer o que quer de ser corpo; e que é mais fácil para ambos saciar seus desejos – eis que a galera da caverna sai do recinto e acha que a gente deve ter orgulho de ser alvo desses imundos.

Parece que quanto mais o tempo passa e a gente tem avanços na questão dos clichês, vem uma onda de imbecilidade para questionar e convencer meia dúzia que o tempo da hipocrisia era melhor.