domingo, 5 de junho de 2016

A falta de empatia e o excesso de hipocrisia (2)

      O que realmente me espanta em meio a toda essa discussão sobre estupro, são as mulheres que não compreendem que não estamos livres da ação violenta, mesmo não participando de bailes em favela.
        Eu acho de uma inocência a mulher que vive esses tempos de (suposta) liberdade sexual, bate no peito pra dizer que "solteira sim, sozinha nunca" - e acha que não sendo mais virgem, será tratada como rainha por todos.
        Não será, mulherada! 
      Você que hoje usa uma calça jeans justa, batom vermelho, decote, sai à noite, ou desacompanhada, consome bebida alcóolica; é vista como quem "está na pista pra negócio" - ou seja, se acontecer uma tragédia em menor escala desse tipo, certamente haverá um grupo dizendo que você "estava pedindo".
       E sobre mulheres que não bebem, nem fumam, não saem desacompanhadas, estão em relacionamentos longos sem promiscuidade... nenhuma de nós está livre de encontrar um homem que pense que o desejo dele é soberano. Não fosse assim, jamais ocorreriam estupros em família, na igreja, nas universidades...
           Entendam, mulheres, que essa tal liberdade que nós temos é uma responsabilidade das grandes e qualquer passo em falso, a culpa será sempre nossa. Como se a violência fosse culpa da vítima - e não do agressor.

A falta de empatia e o excesso de hipocrisia... (1)

     Tenho postado muito nas redes sociais sobre a questão do estupro. E o que me faz postar não é um caso isolado, mas o fato de que nunca foi tão necessário discutir questões como essa.
     No caso da menina apontada como "vida loka", muito me espanta ver homens que se dizem os reis das novinhas falando mal da garota como se fosse uma leprosa. Sendo ela uma usuária de drogas, e conhecida por suas performances sexuais, não deveria ter tantos homens se aproveitando da situação. Mais que isso, que vantagem há em "ser mais um", já que a menina participa de orgias? 
     Certamente esse caso já virou questão de saúde pública. Pois os 30 , 60 que andaram com ela não eram homens sóbrios. O que leva a crer que pelo menos metade tem imunidade baixa em função dos vícios, fora doenças sexualmente transmissíveis não tratadas. E se eles tem namorada, ainda devem pressionar essas pobres moças para fazer sexo sem proteção, espalhando ainda mais as DST´s. Mas é a menina que é a causa de todo o mal, os 30 ou 33 são todos gente boa.
      Indo além desse caso, não é só nas favelas que isso acontece. Essa geração vem abusando do álcool cada vez mais cedo, com muita frequência. Me pergunto como esses adolescentes ausentes da escola conseguem sair 3,4 vezes na semana, voltando bêbados quando a maioria não trabalha. Tudo pra ir pro camarote beber a noite toda, ouvindo musica alta que sempre estimula a bebedeira e a promiscuidade. 
      Música essa que nem sempre é o funk... o tal do sertanejo universitário é uma apologia constante ao álcool e a relacionamentos múltiplos. E para além dos bailes de favela, tem muito clube tocando esse tipo de "música". Então nem tentem me convencer que essa visão de que mulher bêbada pode ser estuprada só ocorre na favela.