domingo, 20 de novembro de 2016

Privilégio de poucos X direito de muitos

           As manchetes parecem mostrar um escândalo diferente a cada dia. Por mais que haja variedade de protagonistas, o pano de fundo é sempre o mesmo : um pequeno grupo que garante seu pirão primeiro, não importa quem e como será afetado.
            Depois das panelas amassadas em nome da família, da moral e bons costumes e contra a corrupção, tudo o que se vê diariamente é o novo governo que só escolheu gente corrupta com processo nas costas pra compor o staff... A população sendo afetada em níveis municipal, estadual e federal no que outrora foram direitos básicos - em nome da manutenção dos privilégios da gente de bem que os conclamou a protestar.
              Consolidada a transição, todo mundo pôs as garras de fora para pegar sua fatia de propina com autorização da lei. E enquanto saúde e educação, tanto os serviços em si quanto quem os executa , tem sua verba ameaçada por duas décadas (o presidente nem deve estar vivo até lá, miserável) ; prejudicando quem se deixou levar pelo canto da sereia , pensando ser gente de bem. Agora, com um boi de piranha (que pensa estar) no comando, vão trazer tudo o que os desmemoriados já viveram : uma vida de sufoco, a negação de direitos que voltarão a ser privilégios, e a submissão diante da falta de possibilidade de ascensão.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

DATAS IMPORTANTES...



Mais uma vez, o Facebook trouxe lembranças marcantes no dia de hoje.
Há exatos seis anos , estava eu passando por um período difícil... e o pior, nem podia externar o sentimento  - pois ao meu lado tinha alguém que estava sofrendo tanto ou mais que eu.
Um texto no blog, entre lágrimas, foi a única forma de gritar , sem fazer muito barulho. Eu, inocente, mal sabia que ia passar por tantos outros momentos difíceis; mas isso é papo pra outro texto.
Só que também num 29 de setembro, dois anos depois da primeira grande perda da minha vida - lá estava eu realizando um sonho muito alimentado previamente. E , ainda bem, sobrevivi para poder aproveitar CADA MOMENTO desse sonho.
O 29/09 deste ano não está lá essa maravilha. Foi uma semana difícil, até pq o 27/09 também é difícil... foi uma semana de perdas, de estresse... Mas a lição que fica é que a gente sempre sobrevive. 
Em que condições? Vai saber. Mas basta olhar para o lado que você vai perceber que seu sofrimento não é o único do mundo. E que você pode, E DEVE, viver cada luto que a vida lhe impuser.
Mas não pra sempre.
E principalmente, em algum momento decidir como prosseguir, já que todo trauma traz consigo uma lição. E toda cicatriz, inclusive as da alma, são provas de que nós sobrevivemos.

sábado, 6 de agosto de 2016

Esperteza, massa de manobra e conveniências...

Se há um assunto recorrente nos últimos tempos, é esse povo que ouve, não compreende e ainda sai repetindo . Lembra aquela brincadeira da infância dos contemporâneos: "telefone sem fio". A frase que chegava no fim da linha normalmente em nada lembrava o que tinha sido dito inicialmente. Mas pra não ficar de fora do grupo, arriscávamos qualquer coisa que soasse parecido ao que ouvimos, sem ao menos pensar se fazia sentido.
E é essa geração que foi pra rua lutar contra a corrupção, com a camisa de um dos órgãos mais corruptos do mundo... são estas pessoas que , criadas com um bom número de limites, criam seus filhos "à moda sopapo" achando que são espertos, mas esquecem que o troco volta pra eles mesmos...
São eles quem se acham os mais espertos quando fazem gato na conta de luz, mas não fazem nada de útil com o dinheiro que economizaram - fazendo com que corram risco sem que haja benefício duradouro em suas vidas...
Enfim, são esses espertos que bancaram os arautos da honestidade mas não pensam no macro. E agora que o "interino" tomou conta e as medidas que ele quer implementar não vão beneficiar ninguém a não ser os donos de grandes fortunas; fingem que não tem nada a ver com essa pataquada.
Mas no fim da noite tentam desamassar a panela que foi maltratada na euforia (pseudo) politizada. Bem como se perguntam como vão viver sem os direitos que gostam tanto de usufruir, mas que uma pequena e influente parcela deseja pôr fim.

domingo, 5 de junho de 2016

A falta de empatia e o excesso de hipocrisia (2)

      O que realmente me espanta em meio a toda essa discussão sobre estupro, são as mulheres que não compreendem que não estamos livres da ação violenta, mesmo não participando de bailes em favela.
        Eu acho de uma inocência a mulher que vive esses tempos de (suposta) liberdade sexual, bate no peito pra dizer que "solteira sim, sozinha nunca" - e acha que não sendo mais virgem, será tratada como rainha por todos.
        Não será, mulherada! 
      Você que hoje usa uma calça jeans justa, batom vermelho, decote, sai à noite, ou desacompanhada, consome bebida alcóolica; é vista como quem "está na pista pra negócio" - ou seja, se acontecer uma tragédia em menor escala desse tipo, certamente haverá um grupo dizendo que você "estava pedindo".
       E sobre mulheres que não bebem, nem fumam, não saem desacompanhadas, estão em relacionamentos longos sem promiscuidade... nenhuma de nós está livre de encontrar um homem que pense que o desejo dele é soberano. Não fosse assim, jamais ocorreriam estupros em família, na igreja, nas universidades...
           Entendam, mulheres, que essa tal liberdade que nós temos é uma responsabilidade das grandes e qualquer passo em falso, a culpa será sempre nossa. Como se a violência fosse culpa da vítima - e não do agressor.

A falta de empatia e o excesso de hipocrisia... (1)

     Tenho postado muito nas redes sociais sobre a questão do estupro. E o que me faz postar não é um caso isolado, mas o fato de que nunca foi tão necessário discutir questões como essa.
     No caso da menina apontada como "vida loka", muito me espanta ver homens que se dizem os reis das novinhas falando mal da garota como se fosse uma leprosa. Sendo ela uma usuária de drogas, e conhecida por suas performances sexuais, não deveria ter tantos homens se aproveitando da situação. Mais que isso, que vantagem há em "ser mais um", já que a menina participa de orgias? 
     Certamente esse caso já virou questão de saúde pública. Pois os 30 , 60 que andaram com ela não eram homens sóbrios. O que leva a crer que pelo menos metade tem imunidade baixa em função dos vícios, fora doenças sexualmente transmissíveis não tratadas. E se eles tem namorada, ainda devem pressionar essas pobres moças para fazer sexo sem proteção, espalhando ainda mais as DST´s. Mas é a menina que é a causa de todo o mal, os 30 ou 33 são todos gente boa.
      Indo além desse caso, não é só nas favelas que isso acontece. Essa geração vem abusando do álcool cada vez mais cedo, com muita frequência. Me pergunto como esses adolescentes ausentes da escola conseguem sair 3,4 vezes na semana, voltando bêbados quando a maioria não trabalha. Tudo pra ir pro camarote beber a noite toda, ouvindo musica alta que sempre estimula a bebedeira e a promiscuidade. 
      Música essa que nem sempre é o funk... o tal do sertanejo universitário é uma apologia constante ao álcool e a relacionamentos múltiplos. E para além dos bailes de favela, tem muito clube tocando esse tipo de "música". Então nem tentem me convencer que essa visão de que mulher bêbada pode ser estuprada só ocorre na favela.

domingo, 3 de abril de 2016

Substâncias tóxicas fazem mal... e relacionamentos tóxicos também ... (2)

       O tal marido da Amy Winehouse voltou pra vida dela e desfrutou de tudo o que ele pensava ser o melhor : o controle emocional sobre ela, dinheiro suficiente para comprar a quantidade de drogas que quisesse e da melhor qualidade e o que é pior: com uma certa conivência do pai dela.
          O pai, que saiu de casa quando ela tinha 9 anos mas já demonstrava uma negligência enquanto pai e marido muito antes, viu ressurgir todo o amor pela filha depois da fama. Amor esse que não lhe fez a menor falta enquanto essa mesma filha não era nada além de uma adolescente "comum". A mãe , de acordo com o documentário, parecia não ter superado a separação e a própria Amy, criança, dizia que a mãe deveria ser mais enérgica ... 
         O que importa é que muito da sabotagem da Amy ao próprio talento foi dela mesma. Mas o marido e o pai foram FUNDAMENTAIS nesse processo. Dizendo que a reabilitação não era necessária - como a própria Amy diz em "Rehab", ...and if my daddy says I´m fine...they tried to make me go to rehab, I wont go, go, go... - ou como fez o marido, que tratou de manter (ou potencializar) sua dependência química e emocional.
      Com gente assim por perto, nem precisaria heroína no meio. Esses dois aproveitaram-se do grau de proximidade e de certa forma, impediram que os amigos - sim , ela os tinha e eram de longa data - e até colegas de trabalho salvassem aquele grande talento.
         A gente sabe da "maldição dos 27", sabe que a morte só procura desculpas mas quando vem não tem jeito... mas é um choque saber que duas pessoas que deveriam torcer por você são muito mais perigosas do que qualquer dono de gravadora que quer vender mais e mais não importa em que condições.
        Talvez o pecado de Amy tenha sido reaver esse afeto do pai que não teve em criança. E por conta disso, dessa relação mal construída com a 1a referência masculina, acabou por criar essa dependência do tal Blake.
         No fim, o homem que lhe jurava amor e aquele que deveria zelar por ela desde que nasceu foram as drogas mais pesadas nas quais ela se viciou.

Substâncias tóxicas fazem mal... e relacionamentos tóxicos também ... (1)



Finalmente assisti o documentário sobre a meteórica e triste história de Amy Winehouse. E foram duas horas de soco no estômago.
Primeiro ,pois era daquelas cantoras que, quando ouvi pela 1a vez, pesquisei até achar quem era e não sosseguei até conseguir suas músicas.
Segundo, pois foi um dos shows que eu mais desejei ir mas não rolou (minha mãe estava muito doente e não tinha cabeça pra mais nada). Lembro-me da minha mãe insistir pra que eu fosse; pois era próximo do meu aniversário, e além do mais "ela não duraria muito" . Minha mãe tinha razão.
Mas sobre o doc: a questão central é que desde os primeiros minutos fica muito claro que as drogas foram a desculpa pra morte. Mas não as únicas responsáveis.
Amy se apegou a duas pessoas que tiveram efeito tão ou mais devastador que qualquer droga. Estas duas pessoas, que detonaram sua saúde física, mental e emocional foram ninguém menos que seu pai e seu então marido.
O tal marido tinha sido um namorado a quem ela se apegou como uma tábua de salvação no começo da fama, fez aquele clássico número que muitas conhecem: tinha uma namorada e se relacionava com Amy; terminou com ela alegando que não deixaria a namorada - mas voltou pra Amy quando as benesses da fama apareceram .
Não bastasse , levou drogas para Amy quando ela (finalmente) estava na reabilitação. O que revela que ele não desejava apenas a boa vida, mas queria mantê-la no quadro de desgraça para que ela sequer pensasse que havia outra forma de viver a não ser usando drogas pesadas dia sim, outro também...

quinta-feira, 17 de março de 2016

SOMOS TODOS CONTRA A CORRUPÇÃO, MAS... (2)



Só quando o escândalo é com o candidato que representa tudo o que a mídia não quer ver.
Soubemos da seca no Nordeste por décadas mas nunca vimos o Judiciário mover uma palha contra os coronéis que tanto lucraram com a desgraça alheia. 
O mais incrível é que muito tempo depois , vimos a capital financeira do país na seca e também não houve manifestação. Comoção popular, zero. Iniciativa de qualquer órgão do Judiciário, também nada.
Daí agora a Avenida Paulista fica fechada pois a FIESP (doida pra acabar com a CLT) resolveu montar um esquema hi tech e distribuir filé mignon pra quem pernoitasse por lá.
Isso aí o povo acha lindo , sente-se prestigiado. Mas quer desqualificar quem come pão com mortadela.

quarta-feira, 16 de março de 2016

SOMOS CONTRA A CORRUPÇÃO... MAS...



Vivemos agora um momento em que parte do país tem ido às ruas pedir o impeachment da Presidente, por conta dos escândalos de corrupção.
Só que para obter condições de colocar esse plano em prática, nada como um grupo político disfarçado de imprensa para apoiar os desmandos. 
Hoje, uma conversa entre o ex e a atual presidente foi gravada e divulgada para ( a parte interessada da) mídia. Sendo que tal gravação foi obtida depois do horário determinado por um juiz que ama os holofotes mais que a Justiça. Este mesmo juiz conseguiu a gravação, portanto, ilegalmente.
Não suficiente, divulgou tal gravação referindo-se a um projeto que já nem pertencia mais a sua alçada. Tomou a frente do Superior Tribunal Federal na avaliação e divulgação.
Enquanto isso, a parte interessada da mídia, previamente avisada, tratou de jogar repetidas vezes esse audio com juízo de valor, se achando tão juiz quanto esse que ama os holofotes - e conclamando a população a lutar contra a corrupção. A população pega a sua camisa da CBF (hahahahaha, é mesmo contra a corrupção?) e vai pra rua ou fica na varanda batendo panela.
Bater panela? Oi? Isso é política?

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Sobre o Carnaval.. (1)




Fui ao Sambódromo assistir o desfile do Grupo de Acesso e , para além do espetáculo, uma coisa me incomodou demais: uma área reservada , onde todos ouviam techno, bebiam muito e só se aproximaram da apresentação para fazer selfie, divulgando que estavam lá.
Mas o que um contingente daquele foi fazer lá? Primeiramente, cabelo escuro parecia proibido. Segundo, meninas bem jovens. Todas. Os homens, de idades variadas . Porém mais velhos que elas, ainda que não muito. Enfim...o propósito do tal camarote provavelmente eram "alianças comerciais"; mas com um público que só ouve techno. No Sambódromo??????
De qualquer forma, valeu o passeio. Além de muito divertido, o Grupo de Acesso tem fantasias mais leves, enredos mais interessantes e de melhor compreensão, e por tabela componentes mais desenvoltos.
Além disso, o público é composto por apaixonados. Gente que veste a camisa da escola. Apesar de uma tendência vista no Especial já estar dominando o Acesso também: antes do desfile propriamente dito vem um grupo de 100 pessoas com camisa de Diretoria fazendo selfie, tirando aquela onda mas se um carro quebrar, não conte com esse grupo pra nada. 
O samba sambou mesmo. É muita gente que está ali mas nada tem a ver com o enredo, literalmente. 


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A ganância não tem limites...

     Sabemos que o ser humano não conhece limites quando o tema é lucro... Mas hoje li algo que me chocou (e olha que hoje em dia são tantos os absurdos...) : uma empresa está produzindo bonecos com a aparência de crianças, sob o pretexto de combater a pedofilia. Segundo a tal empresa, o uso de tais bonecos evitaria que os pedófilos maltratassem crianças.
   E desde quando o pedófilo tem esse discernimento? Provavelmente todos os responsáveis por esse projeto são pedófilos e não tem filhos; pois só mentes doentias poderiam ter tal ideia e achar que essa justificativa seria bem aceita.
Pedófilo não sente culpa, não tem compaixão.      Como seriam capazes de optar pelos tais bonecos para não cometerem crimes?
    Até acredito que os bonecos já estejam vendendo horrores, mas que permaneceriam aliciando menores por internet ou na vizinhança, isso é fato... 
        Mas até que se decida o que fazer contra a iniciativa; muitos e muitos bonecos serão vendidos na surdina por uma fortuna -  e servirão no máximo como paliativo enquanto esses doentes não fizerem novas vítimas...
        

Celular: vício...falta de educação...ou ambos..



Estava eu no cinema, aguardando o documentário sobre Chico Buarque, quando percebo aquele festival de luzes em várias poltronas - além dos incontáveis assovios sinalizando a chegada de mensagens no Whats App. E a plateia não era composta por adolescentes/jovens. A maioria em torno de 40 anos... ou mais; comportando-se como adolescentes que tanto criticam. Mas até aí, ok, era hora do trailler.
O que incomodou de verdade foi o povo OUVINDO ÁUDIO DURANTE a sessão. Já não basta a luz que quebra o escurinho do cinema... agora mandar e receber áudio desesperadamente durante um filme?
É um misto de falta de educação com vício adquirido na modernidade. Pois quem tem urgência não está no cinema, certo? 
O que poderia ser mais interessante do que aqueles olhos liiiiiindos, falando sobre sua história e sua bela obra interpretada por outros nomes da MPB? E mesmo que as pessoas (pois não era uma só) estivessem ali só pra passar o tempo, é pedir demais que respeitem quem estava ali pelo filme?
Nem dá pra reclamar dos adolescentes pois os adultos estão tão viciados quanto os jovens... Se não conseguem desligar o telefone durante um filme, imagine só como é a convivência em casa...