terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tempo, tempo, tempo, tempo... (Seis meses)

O TEMPO... (ou 6 MESES...)







Sempre me achei uma criatura extremamente privilegiada. Por ter família, meus pais vivos, por ter minha casa, meu emprego, amigos , saúde perfeita e muitas gargalhadas a relembrar. Há 6 meses descobri o que é , de fato, A PERDA. Na adolescência, a gente acha que perder é aquele namorico de 20 dias que deixou de ligar sem motivo (isso é o que a gente pensa e por conta disso faz um drama danado; se achando a pior das criaturas)...


Depois você acha que perda são as amizades que de fato não eram nada...Ou lamenta um pouco não ter mais tanto tempo pra “curtir”, sem se dar conta que a vida lhe oferece uma série de outras novas experiências pra chamar de suas...


Mas aí vem o agente implacável: O TEMPO. E é ele, que curando tudo, faz você rever seus conceitos sobre o que realmente importa... sobre o que é realmente imprescindível... e principalmente, mostrando quem você é e como age diante das situações mais adversas.


Eu sempre disse que nem imaginava como seria perder meu pai ou minha mãe. E sempre tive certeza que esse dia estava longe...até porque ele ainda estava ativo, tanto que trabalhou até o último dia de vida. Não pude me despedir, pois também eu estava trabalhando quando tudo aconteceu. Mistérios da vida, saí do trabalho correndo, ainda sem saber o que se passava.


Como eu reagi a essa passagem trágica? Nem eu sei qualificar. Mas a vida continua e os amigos são parte fundamental neste processo. Graças a Deus tem muita gente que é de verdade no meu caminho. Mas esses 180 dias , de uma forma ou de outra, são marcados por ausência e por descoberta. A ausência é a questão óbvia, os momentos, as músicas prediletas que não tocam mais, a comida de domingo que é reduzida, a chave que não balança mais depois das 20hs...e o ronco que não se ouve mais após as 22hs. Tempo que se foi.


E a descoberta... bem, essa também é óbvia. A adaptação a realidade. Usar o verbo ao fazer referência a quem se foi SEMPRE no passado. Descobrir mais espaço na casa, e reorganizar esse novo espaço. E o mais complicado; aceitar a vida como ela é. A certeza que nada é do nosso jeito – e como se adaptar aos tombos que a vida te dá...Só o TEMPO ,e o administrar desse tempo, é que fazem com que a vida continue.

3 comentários:

  1. Nossa perfeito o que você escreveu... Estamos lá vivendo a nossa vida e do nada ela nos dá essa rasteira. No primeiro momento pensamos que a nossa vida também acabou, depois ficamos pensando em como continuar a viver e mais a frente nos perguntamos pq comigo??! Já existem milhões de pessoas a sua volta.
    O tempo vai trazendo essas respostas e te mostra que "Deus não envia nada, que não podemos suportar".
    Com o tempo, você transforma a sua vida e o mais triste é saber que a pessoa que foi ou ainda é tão importante pra você. Não vai estar por perto nas horas boas e principalmente nas ruins.
    Não vai estar quando você der o primeiro passo na sua vida adulta, que é o casamento. E quando as suas filhas nascerem, não vai poder contar com eles para embalar o neném na hora do aperto.
    Triste, impossível de passar por isso??!
    Posso te responder por experiência própria: vai ser mais complicado e também muito difícil, mas não impossível!
    E depois que você olhar pra trás, vai entender o que eu estou falando.
    Os anos irão se passar, e a dor vai diminuir. Agora a saudade não, essa permanece durante toda a sua vida terrena.
    Boa sorte e forças na sua caminhada.
    Um bjo

    ResponderExcluir
  2. Eu já disse e repito que esta é a pior dor que existe, só quem passou por isso sabe que é física, não dói só na alma, dói no corpo. Mas acredito em reencontros, acredito em continuação da vida. E contrariando minha formação religiosa católica, acredito até em retornos para esta vida. E são estas crenças e as boas lembranças que me fazem prosseguir. Fique com Deus!
    Aparecida

    ResponderExcluir
  3. Realmente, com o avançar da idade e com a necessidade de pensar mais seriamente nesse tipo de decisão (família, filhos), já me peguei imaginando como seriam as datas importantes, nascimentos, batizados e afins sem a presença dos dois. Nem precisa tanto, pela primeira vez na minha vida não penso em nada pra aniversário, coisa que até então sempre adorei celebrar. Hoje evito pensar. Primeiro pra não "morrer de véspera". Depois porque no fim, as coisas se reorganizam de um jeito ou de outro. E ficar apenas vivendo o sofrimento não adiantará nada, nem meus pais gostariam de me ver assim...
    Sendo assim, como sempre, estou EM PROCESSO...De readaptação, de reconstrução...enfim...

    ResponderExcluir