Confesso
que me bate um certo cansaço ver a população negra do Brasil cheia
de orgulho da história que mal conhece em certas datas. E fazendo
absolutamente nada para escrever algo diferente do que vem sendo
registrado pelas mãos do opressor.
Ainda
somos maioria absoluta nas favelas, nas cadeias, no baixo nível de
escolaridade, nos bares, nas cracolândias, nas vielas...
E
muitas vezes não nos fazemos representar em espaços culturais.
Somos minoria nos museus, em viagens nacionais ou não,
universidades, cargos de nível médio e superior...
Existe
sim uma dívida histórica, inquestionável. Mas não dá pra esperar
que a sociedade vá fazer essa reparação de bom grado.
Os
que entrarem no serviço público por meio de cotas, certamente terão
que mostrar mais competência que toda a equipe.
E
ainda assim, sabe Deus quando é que poderemos visualizar esse
aumento de afrodescendentes na área pública.
Tomara
mesmo que muitos se animem com essa reparação e garantam seu lugar
ao sol, cientes que não será nada fácil.
Torço
mesmo para que as revistas brasileiras deixem de parecer publicações
europeias (já repararam que editoriais de moda e qualquer propaganda
nesse sentido só mostram modelos do sul do país?).
Gostaria
demais de me reconhecer numa novela, de não me surpreender por ver
um negro ganhando destaque. Da mesma forma que numericamente somos
quase metade e a mistura já é a característica da nossa população,
deveríamos estar representados em todo veículo de comunicação.
Mas
para isso, como já disse Candeia há uns bons anos... é preciso que
deixemos de ser reis apenas no Carnaval...ou futebol...
Nenhum comentário:
Postar um comentário