quinta-feira, 4 de agosto de 2011


             Ontem, aproveitando o cansaço, dormi cedo (quer dizer, meia-noite) e achei por bem não ficar mergulhada no que representava a data de ontem. Já se passaram 4 meses desde que minha mãe se foi. Na verdade, sempre senti como se fosse mais tempo.
              Somente ontem entendi que essa sensação se deve ao fato de que ela, a personificação da animação e do gosto pela rua, havia desistido de viver bem antes da partida. E que eu, ainda que inconscientemente, bloqueei esse tipo de lembrança … A imagem que tenho da minha mãe é risonha, animada, planejando ou executando algo... E é essa a imagem que deve permanecer. Mesmo que a lágrima venha em função da saudade, um sorriso vem junto lembrando de alguma passagem engraçada ou de muita alegria.
             Graças a Deus, a lucidez se faz presente e a tristeza não tomou conta de mim, embora ainda não consiga mexer em certos objetos, e o quarto em que ela dormia ainda seja a parte da casa em que raramente entro. Mas volto a sentir-me confortável na casa que agora é TODA minha.
Antes, o vazio físico e a tristeza faziam este espaço parecer aquelas mansões dos “gangstas”, tipo 12 quartos, 8 banheiros, não sei quantas salas... Volto a ter a dimensão real da casa, mais que isso, volto a pertencer ao espaço. E a adequar-me a nova situação, da melhor forma possível. É fundamental citar que quando não se está sozinho, tudo é mais fácil. E não falo só de sozinha em termos de relacionamento. Falo de todo o suporte que tive, tenho e terei pois vivo cercada de pessoas as quais tornaram-se família.
          Aliado a tudo isso, ainda há uma série de novidades que a vida vem apresentando (e quem me conhece sabe que a minha vida é uma novela das mais animadas) e diante das quais não reajo com medo, tampouco resistência. Vou vivendo o melhor de tudo, com tudo a que tenho direito. Aliás, tenho especialmente o direito de relaxar. A mente e o coração, tão sacrificados ultimamente.

2 comentários:

  1. Eu sei bem o que vc está sentindo, mas é isso mesmo, depois, de um tempo o que fica é a lembrança gostosa, dos bons momentos. Tbm sempre me lembro do som quase infantil da risada de minha mãe ( ela sorria e ria como criança, apesar da idade). Força e lembre-se: mesmo distante ainda considero vc uma das almas mais afins que conheci, por isso torço e peço a Deus que a faça superar este momento pelo qual já passei e entendo muito bem. Abraços, da amiga distante, mas ainda assim amiga, rssss....
    Aparecida Brandão

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  2. É engraçado como , no começo, não conseguimos ter a real dimensão da perda. Só o tempo livre (sim, pq nos primeiros dias é tanta coisa para resolver que você não tem lá muito tempo pra pensar) é que faz a gente compreender a perda e tudo o que ela significa.
    Mas é este mesmo tempo o melhor remédio, pra tudo.

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