domingo, 28 de outubro de 2012

A viagem Parte III


 
Nono: uma coisa que denunciava que eu não era dali em alguns momentos foi o meu desapego aos eletrônicos. No aeroporto, no restaurante de hotel, eu era a única que utilizava apenas o celular. Dependendo da situação, nem isso. Lembro-me de estar almoçando em um hotel e ser a única a não estar conectada de alguma forma. Os outros estavam com smartphone e laptop... ou smartphone e iPad … Aliás, acho que 92% são usuários de smartphones, é raríssimo ver celulares básicos por lá.




Décimo : Dá gosto de ver o orgulho que os nigerianos tem de sua cultura, seus hábitos, sua história. Mais ainda, eles falam de seu povo ocupando uma bela posição no futuro. E não acreditando em milagres do governo. Eles fazem o dever de casa. Tem consciência política.



Décimo primeiro : achei boa parte da nossa influência africana por lá. Muitas palavras , algumas coisas da culinária estão presentes na Nigéria. Especialmente no que diz respeito a comida e vocabulário . A língua iorubá, presente em muitas canções e na religiosidade afro- brasileira, vem de lá.



Décimo segundo : A hospitalidade nigeriana é bem semelhante a brasileira. Mas não fica apenas no  “oi, como vai...seja bem vinda”. Mas você se sente “incluída”, fazem questão da sua participação nas conversas, e fazem de tudo para que você se sinta confortável. A ponto de eu, definitivamente, esquecer completamente que eu estava longe de casa. Talvez porque de certa forma, eu estava mesmo em casa.



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A viagem...parte II

Quinto: a disparidade no estado dos carros privados e do transporte público e de carga. Enquanto os carros particulares são "um brinco", os do transporte público são um convite ao suicídio se a sua antitetânica não estiver em dia. São batidas mal consertadas, muita ferrugem, portas amarradas... Não há um Detran aqui. Se houvesse, 80% da frota estaria condenada de cara. E os que sobrassem também dariam trabalho. É bem verdade que também existem no Brasil essas pérolas, mas não em níveis tão alarmantes.

Sexto: acho que em 3h de estrada, vi 5 ou 6 semáforos. Umas duas passarelas. A travessia é tipo perigosa. Mas os pedestres também não colaboram: cruzam calmamente estradas onde carros ultrapassam os 100km/h numa boa. Se o motorista não estiver atento, já era.




Sétimo: engraçado como a gente se adapta as leis. No RJ fico apavorada com os motoristas de van dirigindo com uma das mãos e usando Nextel o tempo todo. Aqui, todo mundo dirige falando ao telefone. E mais, ninguém  tem uma linha apenas. E ainda tem que procurar qual esta tocando. Pra ficar mais bonito, só descobrindo que não há blitz da Lei Seca, e todo mundo pode pegar o carro, com umas 4 garrafas na ideia.  E mais, na Nigéria quando se pede uma garrafa de cerveja, AQUELA GARRAFA É TODA SUA. Não tem essa de encher o copo de todo mundo não. Relaxei, mas nos primeiros quilômetros fiquei meio tensa...rs.               


              
Oitavo: apesar de ser um país quente, eles não são aficcionados por coisa muito gelada. Ok, a eletricidade aqui é um problema dos grandes. Um inversor (espécie de mini gerador conectado a uma bateria) é artigo de 1a necessidade. Sendo assim, nem 5 das cervejas q bebi vieram suadas (vocês não leram errado... Mas não preciso de reabilitação; não fui muito além disso, podem ficar calmos). A agua é consumida fria, não gelada. Com sorte dá pra achar uma cerveja gelada de verdade...

A viagem...


Pois é... resolvi viajar. Não através da escrita, dessa vez atravessei mares mesmo. Horas e horas voando. E compartilharei aqui minhas impressões sobre o que vi.
Começo com Nigéria. Bem diferente daquela visão de África subnutrida que vemos na TV. Darei maiores detalhes sobre o país e sobre o que vi e ouvi.
Cheguei ao aeroporto de Lagos,e parti para Abuja, um voo de uma hora muitíssimo confortável e pontual. Depois desse voo, ainda tivemos umas 3h de estrada. Várias coisas me chamaram atenção.

 Primeiro, as estradas são MUITO boas. E não é aquele asfalto muquirana de véspera de eleição. Durante um trecho vimos uns buracos, mas nada comparado as crateras que ainda temos em algumas estradas brasileiras.


Segundo, aquela montoeira de gente vendendo coisas no tráfego, tão comum nos dias quentes brasileiros. Vi um "bonito" que segurava uma cestinha para colaborações. E só pedia. Nem um malabares em troca...e detalhe, ele nem tava "esquálido"; pelo contrário.


 
Terceiro: tive a sensação de estar em Acari/ Fazenda Botafogo quando passamos por um vilarejo. Aquela feira que só não vende sogra; mas tem peça pra tudo, ornamentação, comida, gasolina... Um caos, onde todos se entendem. Mais, parece que o trecho próximo a linha férrea de Costa Barros é uma filial. Aquele amontoado de madeiras, gente andando pra la e pra cá, casas que só Deus / Allah sabe como estão de pé. E a conformidade com este tipo de vida, a mesma nos dois lugares. Eles são felizes assim. Sem planos, sem perspectivas.


 Quarto: em uma longa estrada, quilômetros e mais quilômetros sem um posto de gasolina. Ótima oportunidade pra um grupo vender combustível na parte da estrada desprovida de postos, pelo dobro do preço. O que é incrível nisso tudo é que ainda assim, capaz de ser mais barato do que no Brasil. Há uns trechos que parecem o trecho da zona oeste da Av. Brasil, pintam uns bichos querendo atravessar a rua e você tem que ser um motorista daqueles.