sexta-feira, 13 de abril de 2012

Zelo...ciúme...posse...descontrole...

         Essa semana a questão do ciúme foi uma constante em conversas, televisão. Vi o caso de uma menina , desse tipo que com 14 anos já se acha adulta - e cuja mãe meio que incentiva - na TV fazendo relato do namorado que a agrediu. Aliás, o rapaz fez um estrago, chutou, arrancou cabelo, sequestrou, quebrou, enfim...
         Entre os vários relatos sobre ciúme que ouvi, todos  concordam num ponto: o que a gente vê como cuidado no começo (ou zelo), chega ao ciúme e daí a mulher, muitas vezes, acha "bonitinho". O problema é que se você vai alimentando, esse "ciúme" vira posse.
         Digamos que o zelo seja a o bebê... o ciúme a criança e a posse o adulto. Se você o alimenta com muitos "nutrientes", a tendência é o desenvolvimento a passos largos. E o que começa como um pequeno cuidado vira obsessão.
         Voltando ao caso apresentando na TV, a menina hoje tem 18 anos. Ela diz que ele começou muito gentil, muito amoroso, com o tempo foi mudando, foi "se instalando" e quando ela se deu conta, deixou de viver como ela queria. E passou a viver a vida dele,os projetos dele. E ele, vendo que a estratégia funcionava, foi impondo limites em roupas, vestimentas, amizades... Até a hora que ela acordou pra vida. Ele não reagiu tão cordialmente e o resultado é a agressão anteriormente descrita.
         Não quero dizer aqui que toda pessoa ciumenta é uma agressora em potencial. Eu sou ciumenta. E nunca agredi ninguém. Mas é uma questão de estarmos atentos(as) a forma com a qual lidamos com isso. Se estamos alimentando demais e incentivando a intensidade como quem cria um pitbull (e de repente, nós mesmos sermos atingidos) ... ou se procuraremos um caminho mais trabalhoso, mais longo certamente, porém mais saudável que é o do diálogo.
        Enfim, pra mim o que difere o que chamamos de zelo para atitudes descontroladas "justificadas" pelo sentimento de posse nunca é resultado de UMA ação que desagrada o outro. De um jeito ou de outro, nos é mostrado o quanto perigoso esse jogo pode ser. Depende de nós não começar a achar qualquer cena de ciúme "tããããão bunitinha"... Está nas nossas mãos deixarmos claro que estamos naquela relação porque queremos, e não criarmos situações para que o outro demonstre o quanto nos ama.
         Até porque se a gente acha que amor só pode ser demostrado através de reações intempestivas, somos tão doentes quanto aquele que a gente tenta fazer chegar ao descontrole. E daí, sem chances de reclamar se as consequências forem desmedidas.

4 comentários:

  1. Ale, embora não seja entendido para dar uma opinião fazendo um discurso técnico apelando para as ciências que estudam a postura humana no que se aplica a funcionamento cerebral para adotar determinadas posturas rs, me arrisco a dar um pitaco dialogando com o meu senso comum e com base na leitura de obras sociológicas, antropológicas e filosóficas rs.
    Sempre costumo declarar que a hipocrisia e a demagogia são os pilares da nossa sociedade, e uma das tantas manifestações que estão inseridas nesse barco, é o legado de uma moral que não discute de maneira madura e consciente a manifestação dos sentimentos humanos. Desde pequenos somos ensinados que sentir raiva, ciúmes entre outros exemplos sinônimos, é algo que deve ser satanizado sem a necessidade de ser discutido, e isso, é algo que quase sempre acaba produzindo consequências catastróficas lá naa frente já que tais sentimentos compõem a natureza humana.
    Acredito que desde pequenos, deveríamos ser ensinados a dialogar com a raiva, o ciúme e as outras emoções humanas de uma maneira mais aberta. Ou seja, deveríamos ser orientados a saber que estaríamos lidando com emoções naturais que devem ser policiadas desde então, e não simplismente ignoradas através de uma repressão cultural que não possibilita a problematização da questão. Não sei se fui claro, mas ta aí a minha opinião. ;)

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  2. Completamente... Como eu sempre digo, os meus textos são pitacos baseados em observações, levando em conta os aspectos múltiplos da diversidade ... Ainda não cheguei no "antroplógicas e filosóficas", mas com esse auxílio luxuoso eu chego lá...rs
    Bom, a questão é se cria um caminho a seguir num mundo que tá tão desorientado...num processo de contestação do velho sem que se apresente novas possibilidades... E enquanto isso, na sala de justiça, os pobres mortais se degladiando entre o que somos e o que queremos mostrar ...
    Pertencemos ao time que dialoga sobre essa dicotomia entre bom e mau;certo e errado. Mas a maioria apenas vai vivendo de efeito, sem analisar as causas...e sem prestar atenção na consequência dos seus atos.

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  3. Ciúme é um sentimento negativo, cuidar do outro não significa possuir o outro. Aliás, ó palavra pesada esta: "possessão", me lembra espírito não-evoluído, e gente assim, eu não quero nem como amigo.
    Mesmo que você tenha medo de perder alguém que ama, e isto é muito normal, como dizia Raul: "Amor só dura em liberdade, o ciúme é só vaidade, sofro, mas eu vou te libertar..." Linda canção, grande lição de vida.

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  4. Desculpe, Alê, sou eu a autora do comentário acima.

    Maria da Aparecida

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