quinta-feira, 5 de abril de 2012

Os feriados...e como eles me afetam.


     Pra todas as pessoas, Páscoa e chocolate tem tudo a ver. Aqui em casa sempre foi diferente. Pra mim, Páscoa sempre teve tudo a ver com peixe. Nada contra o chocolate, mas quem me conhece sabe o quanto gosto. E sabe também que eu e meu pai éramos feito gatos.
         Disputávamos até o último pedaço. Ano após ano, Páscoa após Páscoa. Quando meu pai se foi, era na segunda que antecedia a 6a feira  Santa. Não que eu não tivesse acreditado que ele tinha partido. Mas lembro-me como se fosse hoje, de ir a casa de uma amiga muito querida na 6a feira antes do jantar. No almoço comi apenas um pedaço pequeno, segurando as lágrimas por causa da minha mãe. 
     Ao voltar da casa dessa amiga, e ao perceber que todo o peixe que deixei continuava lá - quando o normal era não ter sobrado nada caso o outro "gato" estivesse vivo - simplesmente desabei. Desde que minha mãe adoeceu, não se prepara peixe nessa casa.
      Esse ano, nenhum dos dois está mais neste plano. E como a vida continua, tomei coragem e fui eu mesma temperar o peixe.
Se vai ficar bom, não sei. Se o processo foi doloroso, DEMAIS. Mas é esse um dos meus pratos prediletos. E o peixe, temperado por mim ou não, continua sendo algo que eu adoro. 
        Amanhã, ao  invés da disputa pelo peixe, das risadas em função de uns vinhos a mais, a certeza de que eu tô seguindo o caminho que eles gostariam que eu seguisse. Não tentando me esquivar de lembranças, atos e tudo o que fez e faz parte da minha história e de meus hábitos.
     Até porque se esquivar de lembranças é impossível. Basta me olhar no espelho e ver que "o meu olho parece um aparelho de quem sempre me olhou e protegeu", como já cantava João Nogueira.
        FELIZ PÁSCOA.

Um comentário:

  1. Muitas vezes degustamos o "peixe" da vida. Ainda que não tenha o mesmo sabor ou as mesmas características de antes, mas o importante é tê-lo presente e se fazendo presente da nossa vida.
    Lembro do quanto vc enchia a boca pra dizer que comeria peixe. Seu gosto não mudou, claro. E deixá-lo de fazer tb não mudaria em nada as lembranças. O como lidar com a situação é que está em jogo. E nesse cai-levanta da vida é que damos o nome de experiência!

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